segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sobre o Coletivo de Estudantes

Créditos das Fotos: Prix Rodrigues
O que foi o Coletivo de Estudantes? Seria uma autogestão? Seria uma conspiração? Seria uma seita? Uma criação imaginária coletiva? Pois bem, nessa postagem quero escrever um pouco sobre isso.

Antes de tudo quero compartilhar algumas coisas que ajudarão a explicar essa "fase" do curso tão reivindicada para os mais diversos lados.

Primeiramente, as interpretações que farei desse período são embasadas nas informações compartilhadas na lista de e-mail que era nosso ambiente de diálogo direto (antes do boom do Facebook, a lista era muito eficiente): br.groups.yahoo.com/group/e-cecs/ e o blog CECS Virtual (principal canal de divulgação de informações e atividades).

Juntamente com esses links compartilho 2 arquivos: 1) Apresentação do CECS de 2010 e 2) Balanço do Coletivo de Estudantes



Balanco Coletivo from Eduarda Bonora Kern

A leitura desses documentos podem possibilitar o entendimento sobre o que foi o período, e quem sabe esclarecer alguns boatos que vão sendo criados, na medida que a história do movimento estudantil vira também história oral para os colegas mais novos por falta de sistematização (ou conhecimento desses acúmulos), logo podem ser tensionados para o lado que se quer, sem muitas comprovações de onde o discurso está embasado.

Então, como essas fontes expostas podemos constatar:

  • Em nenhum momento o Coletivo se reivindicou como autogestão. Éramos um grupo de estudantes novos e sem experiência no movimento estudantil, em sua maioria, que queriam fazer o movimento do curso de maneira que respondesse nossas angústias e demandas, tentando evitar conflitos entre 2 grandes pólos genéricos de posicionamento político do curso "partidões" e "anarcos", ou seja, queríamos simplesmente articular horizontalidade com uma atuação mais "representativa" (no sentido de estar em contato com as instâncias da universidade) e organização dos estudantes do curso. Se as pessoas que se envolveram durante esse processo a denominam autogestão, é uma conclusão a posteriori. 
  • Houve intensa participação e socialização das informações da reforma do currículo de 2008. Antes da reforma, houve uma possibilidade de separação da Antropologia, Sociologia e Política em cursos diferentes, tal fato mobilizou muitos estudantes a se organizar, e dessa organização foi muito do motor do surgimento do Coletivo, o que obviamente se tornou uma questão muito importante para o grupo, é possível encontrar no e-cecs os relatos de todos que participaram das conversas e negociações com a Comgrad e Departamentos (ordem de cadeiras, mudança do perfil, inclusão de eletivas...). Vale lembrar também que antes de termos consolidado o Coletivo e o espaço do e-cecs, houve inclusive uma lista de trocas com os professores: reformacs-l@grupos.ufrgs.br
  • "É necessário representantes para quem não pode participar saber quem se dirigir". Durante o Coletivo, não existiam "os representantes", por mais que pessoas se envolvessem, pois a intenção é que todos pudessem se envolver. Mesmo quem não podia se envolver devido a rotina da trabalho, família e estudos, tinha acesso a todas informações necessárias para saber o que estava rolando no curso e quem estava fazendo o que para caso quisesse contribuir com opiniões e sugestões, havia espaço virtual para participação e sempre que possível espaços presenciais de trocas. Os problemas que ocorreram muitas vezes, não eram por falta de representante, e sim falta de costume de se responsabilizar e cobrar quem se responsabilizou. 
  • "Em 2010 encontramos o curso paralisado". A paralisia que dizem não é de toda de responsabilidade do Coletivo. Fizemos atividades no Vestibular, matrícula, recepção, apresentação do CECS aos bixos e a melhor participação (em termos qualitativos) do curso no ERECS Londrina, tudo em 2010. Porém, esse foi o ano que nos desarticulamos, algo relativamente comum nos movimentos políticos, por causa da falta de participação dos mais novos da época, auxiliando a desmotivação de quem estava se envolvendo no processo. Portanto, a insatisfação de muitos frente a falta de um DA formal provocou a discussão do Estatuto e o processo eleitoral de 2010. 
O Coletivo de Estudantes foi a resposta dada a um período no curso, a partir da conjuntura do momento. Em 2010, sente-se a necessidade de eleições e ter um DA como manda o script na intenção de que esse formato respondesse aos problemas que houveram enquanto coletivo (analisados e refletidos no Balanço). Talvez estejamos vivendo o momento de resposta a esse período de 2 anos de gestão, com a reivindicação do debate e prática mais consciente de autogestão no/para o DA. Apenas a continuidade das reflexões e análises de nossas práticas políticas no curso auxiliarão a compreender como podemos realmente acumular e avançar no nosso movimento estudantil. Do contrário, reproduziremos facilmente os discursos que são repassados a cada ano, repetindo muitas vezes discussões viciadas sem aprofundar o debate sobre o que precisamos ter e fazer para ter um D.A que se adeque as especificidades e necessidades dos estudantes de ciências sociais, a partir dessa posição, campo de atuação e conhecimento.


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