terça-feira, 27 de novembro de 2012

Quem tem medo da Autogestão?


(ou o Bicho de 7 cabeças dos Cientistas Sociais)

Autogestão não funciona, ela estagnou o curso, é coisa de "anarco", em casa de C.A. de luta não entra. Ou qualquer outro argumento que  vá desqualificar e criar um mito que Autogestão é coisa de maluco e gente que não quer se organizar.

Autogestão são formas de organização que tem como base a auto organização dos indivíduos, ou seja, que cada um assuma para si espaços que são controlados por alguns, seja no trabalho como Cooperativas, seja no governo como em uma Comuna, ou, no nosso caso, enquanto um C.A horizontal, autônomo e coletivo.

Essas características não trazem consigo desorganização, tudo depende do objetivo e do formato que o grupo se propõem. Não podemos dizer que exista um modelo certo de Autogestão, mas sim experiências práticas, ou seja,  Autogestão não é igual, cada grupo se organiza de um jeito, em torno de uma prerrogativa mínima: não existem líderes nem hierarquias. Todos são responsáveis por aquilo que se propuseram fazer juntos, e isso não quer dizer "todo mundo fazendo tudo toda hora", ou "é de todos, logo, não é de ninguém" e sim que a partir das disponibilidades de cada um, todos se comprometam com aquilo que podem fazer, sendo responsabilidade coletiva cobrar por essa colaboração individual para o fim comum.

Sendo assim, nossa proposta de Autogestão não é profanar com a Organização, para nós Organização e Autogestão caminham juntas. Para coletivizar nosso Centro Acadêmico, não faremos sozinhos, é necessário muito mais que a participação em uma gestão. É necessário que cada um seja responsável pelos rumos e caminhos a serem trilhados enquanto grupo. É um pouco mais trabalhoso, mas autonomia e liberdade possuem uma contrapartida, que pode não ser tão pesada quanto parece se todos decidem embarcar juntos na mesma jornada. 

Portanto, quem tem medo da Autogestão é quem tem medo de perder poder, e nós não queremos conservar e concentrar esse poder, mas sim dividir e criar novas relações de poder no cotidiano do curso.

Assim, queremos explicar como pensamos em acabar com as coordenações sem acabar com o Centro (?) Acadêmico.

Na apresentação abaixo "desenhamos" as instâncias que estamos pensando para o CECS.


Inicialmente, pensamos em como melhorar a participação no curso. Seguimos pela ideia "se o estudante não vai ao CECS, o CECS vai ao estudante" e pensamos nessa categoria "RD de turma", alguém que esteja na sala de aula, no dia-dia das aulas e que possa ser um canal de comunicação entre a turma de uma disciplina e o CECS. Esse RD seria escolhido em uma Assembleia do CECS com a turma, obrigatório nas cadeiras obrigatórias e eletivo nas eletivas. Assim, potencializaríamos o contato do Centro Acadêmico, inclusive com quem não deseja participar, mas pode ter espaço para reclamações e sugestões. Acreditamos que isso é um teste que pode dar certo, mesmo que no início nem todas as turmas se envolvam, as que fizerem já pode ser significativo para o diálogo e participação no CECS.

Seguindo nos espaços, teríamos o GTD, essa instância meio esquecida no nosso curso, que é simplesmente um grupo que se junta para trabalhar e discutir sobre algo. Queremos reativar os estatutários, e criar novos se houver demanda. Os GTDs estimulam uma diversidade de atividades e assuntos em pauta no curso.

Por fim haveria a (auto) gestão que seria o envolvimento de todos os participantes das instâncias anteriores, ou ainda pessoas interessadas em colaborar em atividades pontuais, para o movimento estudantil do curso. Nós enquanto possível gestão eleita somos responsáveis por articular, organizar e promover essas atividades.

Como fazer isso? Aí entra outras propostas como a volta das Reuniões Periódicas (semanais ou quinzenais) Abertas, onde podemos discutir questões rápidas e encaminhativas (o que está sendo feito, o que precisa se fazer, onde é necessário uma mão, o que precisa busca...) e a ideia do Congresso de Estudantes de Ciências Sociais.

Se queremos uma Autogestão, que o estudante seja responsável pelo projeto de Centro Acadêmico, precisamos de um espaço para operacionalizar isso de fato. Por isso pensamos em um Congresso, um encontro, um acampamento, uma junção programada que nós faça discutir questões pertinentes a nós e definir quais são nossos objetivos, prioridades e ações. Achamos necessário um momento assim, pois senão virará algo como "a gestão da Autogestão".

E aos que acham que Autogestão é Assembleia toda hora, nesse ponto já da para perceber que existem espaços para definições menores que fazem a Assembleia ser necessária as vezes, não sempre. Quando é necessário decidir, se posicionar e votar sobre algo, a Assembleia é a opção.

Por fim, para uma (auto) gestão transparente, as finanças devem ser organizadas em coletivo. Por isso a ideia de "Orçamento Participativo no Centro Acadêmico". Como funcionaria? Definir a periodicidade de uma Assembleia que tenha como pauta única escolher os usos do dinheiro do Centro Acadêmico. Ex: Entra 100 reais por mês por festa (hipoteticamente), são necessários 25 reais para o caixa do ERECS, 25 para o caixa do ENECS, e os outros 50 não estão destinados a nada, essa Assembleia discutirá quais são as necessidades do momento, para poder planejar o uso dos outros 50 reais.

Agora, se você chegou ao final dessa postagem, te perguntamos, essas propostas que defendemos estimularam uma desorganização? 






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