domingo, 9 de outubro de 2011

10 Mitos sobre Autogestão


1) Autogestão nunca funcionou e nunca funcionará

O CECS nunca viveu, recentemente, uma experiência real de autogestão, apesar de tentativas de horizontalizá-lo; porém dizer que essa forma nunca funcionará ou ocorrerá nele é concordar que as relações sociais são imutáveis. Na UFRGS, alguns espaços e diretórios se organizam assim: o Centro de Vivência (CV), o CHIST, o DAGE, o DAIB. Além de alguns exemplos históricos que praticaram esse modelo: A Comuna de Paris; A revolução espanhola; a “Primavera de Praga”; e as diferentes experiências do atual movimento de Economia Solidária.

2) Autogestão é utópica

Autogestão não é um processo fácil, único e replicável. O próprio caráter coletivo demanda esforços que nem sempre estão disponíveis, ou que não são de interesse de quem quer guiar um processo. É uma prática política que se constrói, quando a querem construir e quando a deixam ser construída. Ela não é utópica, mas pode ser considerada “radical” por almejar o fim de diferenciações, dominações e desigualdade de poderes, assim, dizer que ela é utópica é uma forma de favorecer o status quo e todos que se beneficiam individualmente disso.

3) Autogestão não funciona


Como qualquer tipo de organização, podemos ter êxito ou fracasso. A autogestão funciona de maneiras diferentes a partir de seus contextos e atores envolvidos; determinar se funciona ou não, é pensar para qual objetivo ela existe, o que o grupo deseja. Por isso para quem não acha interessante a autogestão, é fácil dizer que ela não funciona, porque provavelmente suas intenções não se adéquam a uma prática autogestionária.

4)Autogestão não é organizada

A descentralização de ações e focos de organização pode ser considerada algo “bagunçado” para quem está acostumado com um núcleo centralizador. Entretanto, é possível fragmentar os espaços de atuações e manter articulação entre as partes, formando uma única organização. O importante é que todos que estejam envolvidos no processo tenham claro o objetivo de uma autogestão e acreditem na sua viabilidade, e operacionalmente, é essencial que as informações sobre cada espaço circule e seja de conhecimento de todos, que haja comunicação, conexão e integração entre os envolvidos, além de pessoas responsáveis por determinadas tarefas (para ser possível recorrer e consultar sobre o andamento de determinada proposta).

5) Autogestão é assembleísmo

As decisões de uma autogestão devem ter caráter coletivo, se o que tem que ser decidido afetar o coletivo estudantil como um todo. Isso não implica dizer que é só por assembléia que se delibera, por mais importante que o espaço seja. O tipo de questão a ser debatida, a urgência da decisão e suas conseqüências, pode determinar os métodos de decisão; porém é sempre importante refletir sobre o acúmulo coletivo sobre determinado ponto.

6) Autogestão demanda um tempo que os estudantes não têm


A autogestão demanda esforço, mas estamos longe de querer que isso se torne um peso para os estudantes. Até por que quanto mais pessoas se envolverem, mais fácil fica para desenvolver as propostas desejadas, logo se torna mais tranquilo o andamento da autogestão. Participação é fundamental para que não ocorra centralização excessiva de tarefas e para que os planejamentos ocorram.

7) As pessoas não sabem se organizar por autogestão

Autogestão se aprende na prática. Só a experiência coletiva ensina a desenvolver práticas autogestionárias.

8) Autogestão depende de consenso

Formar consensos e dialogar com diferentes pontos de vistas é essencial para que o coletivo seja valorizado. Nenhum consenso nasce pronto, e por isso o esforço de alcançá-lo é importante para que não se favoreça determinados grupos. A impossibilidade de se consentir em um ponto não deve levar em conseqüência uma estagnação, mas sim a melhor maneira de se resolver uma questão que contemple um maior número de pessoas.

9) Autogestão impede divisão de tarefas

Para a autogestão funcionar é importante dividir tarefas, porém não se LIMITAR a isso. É preciso saber quem é/são as pessoa/s que se envolveram para por em prática uma tarefa, um determinado ponto tem que ser construído/discutido de maneira mais coletiva o possível, porém é necessário algum tipo de organização para que exista o proposto, e dividir tarefas é um caminho que pode ser usado, mas não pode se tornar só isso.

10) Propor autogestão em uma eleição é contraditório

É uma proposta contraditória, no entanto, no momento em que o movimento estudantil funciona em volta das eleições e a participação dos estudantes ocorre basicamente pelo voto, o processo eleitoral se torna um momento propício para apresentar outras formas de fazer movimento, além de discutir a atual conjuntura; sendo assim a opção de organizar uma chapa não é reproduzir as mesmas disputas e anseios de “conquistar” uma entidade e sim questionar esse processo, convidando a todos que se somem nesse busca por um movimento estudantil mais horizontal e abrangente.

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